quarta-feira, 15 de setembro de 2010

29-S, contra o capital GREVE GERAL!

A Internacional em 47 línguas



A Internacional em grego



A Internacional em italiano



A Internacional em galego-português



A Internacional em eúskaro



A Internacional em català



A Internacional em curdo



A Internacional em Hebreu



A Internacional em farsi



A Internacional em afgano



A Internacional em japonês



A Internacional em albanês



A Internacional em francês


A Internacional em checo



A Internacional anarquista em castelhano



A Internacional musicada pelos Garotos Podres



terça-feira, 22 de junho de 2010

Quê se passa no Quirguizistám?



«O nosso interesse polos conflitos desce quanto mais para leste e mais para sul se registarem aqueles. Se a Bósnia levantou muita atençom, a Chechénia – dous mil quilómetros para oriente – poucas primeiras planas tem levado, ao tempo que ninguém lembra que a república ex-soviética do Taiquistám, outro par de milhares de quilómetros para leste, foi cenário de umha sanguenta guerra civil entre 1992 e 1997», Carlos Taibo[1].

O coraçom do heartland

Recentemente tem ocupado algum espaço no espaço de (des)informaçom internacional dos média os conflitos étnicos do Quirguizistám. Umha informaçom mínima que nom permite sem maiores pescudas formar-nos umha ideia, ainda que seja sucinta, sobre o que se passa naquela ex-república soviética[2].

Os geógrafos políticos do Sacro Império Romano deram pé mediante o empuxe da orde teutona no Drang nasch Osten a umha expansom germana cara o leste, séculos antes de que Adolf Hitler e os chefes nazis falaram do Lebensraum ou mais modernamente o desenho dumha Mitteleuropa através da Eurolándia. Nesta mesma linha geopolítica insire-se a teoria do británico Harold Mackinder que iniciou a teoria do heartland (ou zona central) na Eurásia e que seria, segundo este autor, o eixe sobre o que giraria o domínio do mundo:

«Quem governar Europa Central dominará o heartland;

quem governar o heartland dominará a ilha mundial;

quem governe a ilha mundial dominará o mundo».

Ainda que enunciadas assi as máximas nos lembrem mais ao romance de Orwell do que a um tratado de geopolítica a heartland segue a ser esse espaço de Ásia Central em que o imperialismo americano se bate contra os interesses a Rússia e a China. A própria guerra do Afeguenistám, para a que o secretário de Defesa Robert Gates se nega a pôr data de remate, enquanto Obama recolhe o Nóbel da Paz e reforça a sua presença militar no coraçom da Ásia. A estratégia dos EUA no heartland é bem simples: espalhar por todos os países de Ásia Central progressivamente a “guerra contra o terrorismo” e pola “segurança nacional”, cujo alvo fundamental é garantir o controlo dos recursos naturais e, em especial, o vale de Fergana repartido entre Uzbequistám e Quirguizistám.

Se bem na actualidade a importáncia do heartland nom se localiza já apenas em Ásia Central como na Época do Império Británico, mas em toda a Eurásia – por exemplo os recursos petroliféros do Iraque, a Arábia Saudita ou o Irám, a zona segue a ser dumha importáncia fulcral no conjunto do «grande tabuleiro mundial». Casaquistám, Quirguizistám, Taiquistám, Uzbequistám, Afeganistám, Paquistám, Cachemira, Xinxjiang (Oriente Médio) e Oriente Próximo som o tabuleiro onde a China e os EUA, e a Índia e a Rússia em menor medida, movem as suas peças fundamentais da geopolítica (sem esquecermos a África para os dous primeiros e o papel do Japom, Israel, o Taiwan e a UE como agentes subalternos dos EUA)[3].

O Quirguizistám é um estado de cinco milhons de habitantes que limita com a naçom iugur polo leste, que sofre a opressom do Estado chinês, como os recursos petrolíferos do Casaquistám polo norte com Uzbequistám polo oeste e com Taiquistám polo Sul. De facto, o vale de Fergana de importantíssimos recursos naturais e energéticos reparte-se entre o Quirguizistám, o Uzbequistám e o Taiquistám. A geografia de Quirguizistám é muito acidentada, com 65% da superfície ocupada polas cadeias montanhosas de Pamir e Tiam Siam, e 90% do território está por cima dos 1500 metros de altitude com um clima de oscilaçons térmicas extremas e invernos especialmente frios e duros. O idioma oficial segue a ser o russo, se bem som numerosas as línguas locais dependendo dos diferentes grupos étnicos.

A economia baseia-se na agricultura (um terço do PIB) e na extraçom de outro, carvom, gás e petróleo. Os jacimentos de uránio e antimónio som tamém consideráveis e a estimaçom das reservas de carvom da mina de Cara-Queche som de 2500 toneladas. Lembremos que o carvom é um piar ainda fundamental da produçom energética chinesa:

«A demanda de carvom na China e na vizinha Índia, que segue um caminho semelhante, representará mais de dous terços do aumento da demanda mundial deste combustível. Em 2050, mais dum terço da energia consumida pola China e os seus vizinhos procederá do carvom»[4].

Em 1997 iniciou-se a exploraçom da mina de Qumtor, um auténtico Potosí, propriedade da agência nacional Kyrgyzaltyn, dona de todas as minas do estado, que até o derrocamento do presidente Kurmanbek Bakiyev era presidida polo seu filho Maxim Bakiyev e gerida pola canadiana Centerra Gold Inc., cujo principal accionista segue sendo precisamente a Kyrgyzaltyn, se bem agora a propriedade da mina é já a empresa canadiana. De facto, entre os clans do norte e a étnia maioritária nom gostou nada que a administraçom fora progressivamente ocupada pola família de Bakiyev e os seus clans aliados do sul[5].

Um último elemento e, quiçais o mais importante, deve ter sido em conta. A existência de bases americanas e russas no seu território, único país do mundo em que se dá isto. Concretamente o Estado de Quirguizistám conta com a gigantesca base da US Force em Manas aberta tam só três meses após de que o governo Bush declara a sua “democratíssima” cruzada contra o terrorismo, em setembro de 2001. Manas é, portanto, o surtidor aéreo norte do Afeganistám e fundamental para assegurar a presença americana nesse ponto estratégico, tanto polos gaseodutos do gás, como polas imensas reservas de lítio que tem o Afeganistám, assi como pola sua situaçom geoestratégica a respeito da China, da Índia e ainda da Rússia e do Paquistám.

Isto provocou que perante a crise que trouxo consigo a queda de Bakiyev a própria Hillary Clinton advoga-se polo diálogo entre a oposiçom, composta por ministros da camarilha de Bakiyev fartos das suas corruptelas e nepotismo, e Bakiyev, financiado polos EUA[6]. Em Ocidente existe umha teima já clássica de imputar os sucessos que levárom a queda de Bakiyev à acçom do governo russo, silenciando interessadamente as manobras imperialistas ianques na zona, que nada tenhem a ver com a defesa da democracia e os direitos humanos. É a mesma música que se aplica à hora de denunciar hipocritamente a actividade das três grandes petroleiras chinesas sem reparar que quando menos elas investem em infrastruturas no Tchade e no Sudám algo que nem de longe fam as humanitárias e defensoras da democracia BP[7] ou Shell.

Rússia, China e os EUA: a proliferaçom de estados falidos perante a recrudescência da luita pola hegemonia económico – energética mundial.

Os média descrevem o acontecido no Quirguizistám como um simples episódio de violência étnica sem apresentar antecedentes nem causas, como se a conflituosidade social se desenvolvera da noite para a manhá. Tentárom fazer o mesmo na Grécia apresentando a morte dum moço como a causa das explosons de raiva popular mais importante em decénios. A outra estratégia é procurar o velho saca-untos russo e acusá-lo de instigar umha versom em negativo das avondo cacarejadas “revoluçons de cores”, todas elas apoiadas polos EUA, começando pola das rosas de 2003 em Geórgia, continuando pola laranja de 2004 na Ucraína e seguindo em 2005 pola dos tulipas que levou ao poder ao próprio Kurmanbek Bakiyev[8] e que contou com a habitual presença das “ONGs” usa-americanas como a USAID tristemente célebres já por toda a parte.

Estas “revoluçons” sui generis nom som mais do que contrarrevoluçons ultraliberais para converter estados soberanos em mercados indefesos perante a ofensiva mundial do capitall-financeiro. Em 2009 Bakiyev revisou a Constituiçom para permitir a instauraçom dumha “democracia dinástica” colocando a membro da sua família nos postos cimeiros da administraçom e convertendo-se na oligarquia local que permitia a rapinha das potências ocidentais. A doutrina do shock ultraliberal nom se fixo esperar: mais de 40% da populaçom por debaixo do umbral da pobreza, suba dos impostos a pequenas e medianas empresas, novos impostos às telecomunicaçons (quadriplicando-se os preços) e privatizaçom de numerosas empresas públicas (entre estas a maior eléctrica do estado vendida a membros da sua família por um valor inferior ao 3% real da empresa e cuja consequência fundamental foi o encarecimento da electricidade no duplo e do gás cidade num 1000%).

Portanto, as reacçons da cidadania, para além de estarem justificadas totalmente, eram previsíveis, mas isto nom deve acochar como as grandes potências a empregam para submeter o estado sob os seus domínios. A oposiçom a Bakiyev encabeçou-na umha velha conhecida do regime soviético e na altura membra do PC, Rosa Otumbayeva, antiga ministra do governo de Bakiyev, e líder do governo em funçons que fechou em abril de 2010, após violentos protestos, a era Bakiyev, agora exilado em Bielorússia.

A Rússia, tradicionalmente mui relacionada com estes estados asiáticos, foi o primeiro estado do mundo em reconhecer o novo governo de Otumbayeva e quase consegue a retirada da base norte-americana de Manas a cámbio de ajuda económica, até que o governo dos EUA fixo o mesmo para manter-se nesta regiom de vital importáncia[9]. Otumbayeva, que participou como assistente de Kofi Annan nas Naçons Unidas, comprometeu-se a mudar a Constituiçom e convocar eleiçons em seis meses antes de que a violência étnica entre o Norte e o Sul se disparara, segundo alguns vozeiros pola acçom dos partidários de Bakiyev e, realmente, pola promoçom de grupos de oposiçom interna que respondem aos ditames dumha ou outra potência. A este respeito o primeiro ministro russo, Dimitri Medvedev, afirmou que o risco de ver ao estado fragmentado em duas partes era real alertando da possível afeganistanizaçom do país, que polo de pronto já gerou um auténtico drama de exilados e refugiados da minoria étnica perseguida.

Finalmente, nom se deve esquecer o papel da China na regiom, sem ir mais longe o Quirguizistám é membro da Organizaçom do Tratado de Cooperaçom de Shangai e, para além disso, a inestabilidade neste estado seria funesta para os seus interesses energéticos, geoestratégicos e ainda em política interior poderia recrudescer a insurgência iugur. Está claro que o Oriente Médio é agora o principal cenário para um novo conflito bélico junto ao Irám. As intervençons de momento, tanto de Rússia, como dos EUA ou de China, estám seguindo o curso de aproveitar dissensons internas e chantagear economicamente esses estados. O drama humanitário e econlógico nom está na agenda dum conflito que nos colhe muito longe aos democratas europeus.

A luita entre as potências do “grande tabuleiro mundial” está pronta. A conformaçom de blocos, alianças e estados falidos subalternos será cada vez mais frequente e profundo até umha mais que provável conflagraçom militar de carácter mundial como Petras, Ramonet e outros autores tenhem já insinuado.


[1] Carlos Taibo (2006), Misérias da globalizaçom capitalista, Compostela: Abrente Editora, pp. 58.

[3] Zbiegniew Brzezinski (1998), El gran tablero mundial, Barcelona: Paidós, pp. 39-63.

[4] Paul Roberts (2010), El fin del petróleo, Barcelona : Público – Biblioteca Pensamiento Crítico, p. 355.

[7] É bem conhecido o desastre provocado no golfo de México por esta petroleira. Criticada até nos jornais de certa difusom: “El pueblo contra BP” (Público, 11-6-2010, pp. 34-35).

[8] Nom convém esquecer a “revoluçom” verde do Irám, que ainda que fanada, constitui umha prova da capacidade de ingerência do imperialismo no seio de qualquer estado soberano segundo convenha aos seus interesses.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

terça-feira, 25 de maio de 2010

sábado, 15 de maio de 2010

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Occitània Liura! Un pòble, ua luta.

Es aici lo mes de mai
que los galants planten lo mai
n'en plantarei un per ma mia
passaré mai que sa teulina
Quand de Marselha ieu vendrei
denant sa pòrta passarei
demandarei a sa vesina
coma se pòrta Catarina

Catarina se pòrta plan !
es maridada i a longtemp
a un borges de la campanha
que li fai plan faire la dama



E m'aviun dich pianta lo mai
que lo sio amor pasa ja mai !
e lhi porcons d'oste de Nòto
l'an pas laissat sença griòta.
Oi Catarina mas que as fach !?
Manco la porta aviu sarat !
Mi lo sai pas s'es de la campanha...
sai mac que tu sies pas una dama !

Ò es passat lo mes de mai
que los galants planten lo mai
Mi l'ai plantat per Catarina...
me sio trubat 'bo la visina !



segunda-feira, 26 de abril de 2010

Povo Iugur, o povo de Xinjiang


O Xinjiang ou Sinkiang (em chinês 新疆, pinying: Xīnjiāng; Wade-Giles: Hsin-chiang; em iugur شىنجاڭ, transl. Shinjang; nome completo: Xinjiang-Uigur ou Sinkiang-Uigur) é na actualidade umha regiom autónoma da República Popular da China . O Xinjiang limita-se ao sul com a regiom autónoma do Tibete e a sudeste com as províncias de Qinghai e de Gansu. Limita-se também com a Mongólia a leste, com a Rússia ao norte e com o Cazaquistám, o Quirguistám, o Tadjiquistám, o Afeganistám e as partes da Caxemira sob o controle do Paquistám e pola Índia a oeste. O Xinjiang inclui a maior parte de Aksai Chin, umha regiom reivindicada pola Índia como a parte do seu estado de Jammu e Caxemira.

Xinjiang significa literalmente "a fronteira nova", um nome dado durante a dinastia Quing da China manchu. O nome é considerado ofensivo por muitos defensores da independência, que preferem usar nomes históricos ou étnicos tais como Turquestám chinês, Turquestám Oriental ou Uiguristám. Devido à associaçom destes nomes com o movimento de independência do Turquestám Oriental, tais denominaçons som consideradas polo governo chinês e polos residentes locais como relacionadas com o terrorismo islamico pan-túrquico.













Em1912 a dinastía Qing deu passo à República de China. Yuan Dahua, o governador de Xinjiang, reconoceu a República em Março desse mesmo ano. Trás a insurgência contra o governador Yang Zengxin a começos dos anos trinta, umha rebeliom em Kashgar levou ao estabelecimento da Primeira República do Turquestám Oriental em 1933. Xinjiang caiu baixo o controlo do senhor da guerra Sheng Shicai, que gobernou a província durante a seguinte década. Umha Segunda República do Turquestám Oriental (tamém conhecida como a Revoluçom dos Três Distritos) existiu entre 1944 e 1949 com a ajuda da Uniom Soviética no que agora é a Prefectura Autónoma Kazaja no norte de Xinjiang.

A Segunda República do Turquestám Oriental chegou ao seu fim quando o Exército de Libertaçom Popular (ELP) entrou em Xinjiang em 1949. Segundo a interpretaçom habitual na República Popular China, esta Segunda República era a Revoluçom de Xinjiang, parte da Revoluçom Comunista; a República accedeu a isto e deu as bem-vindas ao ELP, processo que agora se conhece como a Libertaçom Pacífica de Xinjiang. No entanto, os defensores da independência vem a Segunda República como um esforço por estabelecer um estado independente e a entrada do ELP como umha invasom. A Región Autónoma estabeleceu-se em 11 de Outubro de 1955, reemplazando à província. A primeira prova nuclear da RPC tivo lugar o 16 de octubre de 1964 en Lop Nor.




Movimento para a Independência do Turquestám Oriental é um termo lato que se refere aos defensores da autonomia, soberania e independência de Uiguristám, onde vivem muitos uigures mussulmanos. A porganizaçom política mais importante é Organizaçom de Libertaçom do Turquestám.

Kurdistám














Flamenco em turco

domingo, 25 de abril de 2010

terça-feira, 20 de abril de 2010

Nacionalismo siciliano: algumhas noçons




O nacionalismo sicialiano é um movimento de emancipaçom nacional que promove a liberdade e a autodeterminaçom do povo siciliano, ora desde coordenadas autonomistas, ora desde coordenadas arredistas perante o centralismo italiano.

Este nacionalismo manifesta-se já desde a unificaçom italiana, assi como no Estado espanhol a eliminaçom dos reinos e a criaçom do estado-naçom liberal espanhol deu pé aos nacionalismos emanciapadores de Euskal Herria, dos Països Catalans e da Galiza. Diversos grupos sociais descontentes e conscientes da sua identidade diferenciada fôrom os impulsores desta movimento que no abrente do século XX vê nascer três formaçons já com vontade política e nom apenas cultural: em 1902 Pro - Sicilia de carácter conservador coma o primeiro nacionalismo basco; em 1908 o Partito Siciliano, que procurava a integraçom na Grande Bretanha para garantir a sua autonomia que a Itália lhe negava; e, por último, em 1919 o Movimento Autonomista Siciliano que com o tempo iria radicalizando-se nas suas demandas e posicionamentos. Uns anos despois o siciliano Nunzio Nasi cria um grupo anticlerical e arredista.


Durante a II Guerra Mundial, em 1943, aparece o Muvimentu pâ Nnipinnenza dâ Sicilia (em siciliano) de ideologia independentista e ainda hoje activo, sendo um dos principais movimentos políticos emergentes na Sicília até 1947.



A Frunti Nazziunali Sicilianu é um outro partido activo na Sicília e que procura a emancipaçom nacional e social da ilha de acordo com o seu ideário socialista, marca do partido desde a sua fundaçom em 1964. Desde 1976 o seu secretário geral é Giusepp Scianò e nas eleiçons regionais de 2006 apresentárom listage própria atingindo 679 votos em Palermo, 0,2% dos votos.

A Frunti Nazziunali Sicilianu emprega a bandeira do Reino de Aragom junto a um cantom azur com a Trinácria, símbolo da Sicília durante séculos. A adopçom desta bandeira deve-se a que em 1295 o rei Federico II, da casa de Aragom foi o primeiro soberano dumha Sicília independente sem depender de qualquer outro reino. Historicamente, a bandeira tamém foi adoptada na II Guerra Mundial polo Esercito Volontario per l´Independenza della Sicilia. Ver o seu site aqui.




A Trinácia

A Trinácia deve-lhe o seu nome aos gregos, de forma triangular, foi denominada assi polos primeiros gregos chegados até a ilha (séculos e sicánios) devido aos seus três extremos. A sua história segue em boa medida conformando um mistério. Inicialmente estava composta pola cabeça de Gorgone, cujos cabelos eram serpes misturadas com espigas de trigo e de aí partiam três pernas flexionadas até os joelhos, que representariam os extremos da ilha [do grego triskeles treis (três) e akra (promontórios) e do latín triquetra, três outeiros]. Homero já cita na Odisseia a ilha polo nome de Thrinakie e Dante Alighueri fala da Trinácria na Divina comédia.

Em 1072 os normandos chegados à Sicília levárom a trinácria para a ilha de Mam - paradoxalmente outra naçom sem estado hogano, que a elixiu como símbolo em detretimento dum navio escandinavo. As espigas de trigo nom som gregas, mas romanas já que aludiam a fertilidade da ilha, denominada a artesa do mar Mediterráneo. O 30 de Agosto de 1302 constituiu-se na ilha o reino de Trinácria, após a paz de Caltabellotta que punha fim a luita entre os angioni e os sicilianos aliados com os aragoneses.

La Trinacria, fuo adotada em Fevereiro do 2000 polo Parlamento siciliano como parte integrante da bandera siciliana, onde se dispuxo no centro, entre o vermelho e o ouro da bandeira.


Texto dum independentista siciliano na diáspora:


Frunti Nazziunali Sicilianu La selección importante de los sectores más sociales del independentismo siciliano de organizarse y hacerse representar, para entendernos de un partido-movimiento cuál es 'u FRUNTI NAZZIUNALI SICILIANU - SICILIA INDIPINNENTI (FRENTE NACIONAL SICILIANO - SICILIA INDEPENDIENTE) expresa y da sustancia a una profunda diversidad que atraviesa y divide el área Sicilianista e Independentista.
¿A cosa me refiero? No ciertamente sólo a posiciones ideales internas al movimiento pero más y mejor a las sensibilidades sociales que separan el área sicilianista.
Es decir los modos de vivir, entender e interpretar la acción y la presencia Sicilianista e Independentista.
'U FRUNTI NAZZIUNALI SICILIANU sin olvidar ni olvidar hoy los orígenes y las tradiciones del independentismo ha aceptado el desafío y trabaja para construir un partido independentista en oposición al capitalismo nordista e italiano.
Hace falta decir, en efecto, que los sicilianos serviles no tienen ningún necesidad de la independencia o la autonomía política.
Independencia y Autonomía que por estos "clientes" del sistema más bien amenaza con mellar sus intereses materiales y por lo tanto también políticos.
Pero las divisiones son atadas por lo tanto a cuál modelo de sociedad siciliana nosotros pensamos en el futuro de autodeterminación.
Diversidad que por lo demás también retumban en los distingo contenidos en los programas de los grupos y movimientos.
Temes que dividen como aquel del Puente sobre él Estrecho de Mesina, aquel del NO a la Mafia, del modelo de desarrollo por Sicilia crean distingo y diversidad.
Nosotros insistimos mucho sobre los temas sociales, económicos y productivos.
Y' nuestra convicción en efecto que lo tradicional sentir Sicilianista e Independentista que fue aquel tradicional del viejo, extinguido M.I.S hoy son inadmisibles a una sociedad tan cambiada y modificada después en sus varios aspectos bien más de siglo medio que tumultuosos cambios.
Nosotros du F.N.S creemos de deber tener una responsabilidad fuerte, es decir aquel de offire junto aun también proceso de RENACIMIENTO NACIONAL Y CULTURAL un un programa de reformas sociales de oposición.
Debemos y podemos desvelar hoy la antigua mistificación les ofrecida a los trabajadores y a las trabajadoras sicilianas diciendo ustedes que CAMBIAR Y' POSIBLE SÓLO HACIÉNDOSE CUENTA DE LA CUESTIÓN SICILIANA como CUESTIÓN NACIONAL.

Decimos, hoy la política en Sicilia trabaja a gobernar la economía porque no es autorizada, de los poderes fuertes, a realmente hacerlo puesto que estas elecciones están en las manos de fuerzas y capitales externas a Sicilia.
'U FRUNTI NAZZIUNALI SICILIANU, los Independentistas du F.N.S se ha preguntado: ¿quiénes representamos? ¿
Basta con decir la Nación y el Pueblo siciliano? No hoy no puede bastar más. Hoy demasiados también entre los "serviles" asumen terminologías sicilianistas. Hace falta, pues, hacer la diferencia. ¿De qué manera?
Por decisiones políticas.
El mensaje independentista tiene que ser dirigidoles a todos los hombres y a todas las mujeres de Sicilia, pero también sin renunciar a su interclasismo patriótico tiene que estar atento y capaz de afrontar los problemas relativos a la economía y al trabajo en Sicilia.
Sin duda, el ciudadano, el elector al que se dirige nuestro Partido, 'u FRUNTI NAZZIUNALI SICILIANU - SICILIA INDIPINNENTI está socialmente compuesto. Pero incluso es auténtico que Nosotros debemos y podemos dirigir no sólo nuestra atención a los Intelectuales, a los jóvenes pero también hoy más de ayer a los a los trabajadores y a las trabajadoras, a las precarias a los precarios, a las paradas a los parados.
Todo eso es obvio tiene y tendrá cada vez más consecuencias sobre nuestro ser y presentarnos a la Sociedad Siciliana.
Porque decimos, sabiendo de no ser originales, que las propuestas políticas dependen de los grupos sociales que se quieren o saben representar.
Hoy Nosotros tenemos que asumir la defensa de los derechos, la satisfacción de las necesidades de nuestro Pueblo. Nosotros consideramos nuestro Pueblo como un CUERPO socialmente amplio. Nosotros consideramos que atravieso la solución de la CUESTIÓN SICILIANA como CUESTIÓN NACIONAL se puede llegar realmente a solucionar los temas sociales y laborales sobre la alfombra.
Los Sicilianos que nos quieren votar, es decir nuestro, hoy potenciales, electores quieren trabajo, casas son este sus necesidades, éste son las temáticas sobre la alfombra. Y Nosotros tenemos que hacer saberlas, venciendo la censura de la prensa de régimen, que eso sólo puede ocurrir a pacto que Sicilia sea Autodeterminata.
La autodeterminación es pre-condición para conseguir satisfacción de las necesidades.
Hace falta decir a éste que si quieren satisfacción y respeto tienen que imponer al Estado Central sus condiciones y sólo pueden hacerlo por un fuerte Partido Independentista socialmente orientado.


+ Informaçom:

http://laquestionesiciliana.blogspot.com/

http://sciano-separatistivecchiaguardia.blogspot.com/

http://siciliaindipendentefns.blogspot.com/

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Bella ciao, Iran

Canti Partigiani - Bandiera Rossa



IL PARTIGIANO





Bella ciao

A Goa musical de Reginaldo Fernandes por Xosé Lois Garcia

Unha cidade india de cultura portuguesa

Reginaldo Fernandes é un dos músicos da cidade de Goa máis destacábeis do século XX. A súa achega á Lusofonía é moi destacada.

Goa, aquela ex colonia portuguesa da India, foi un enclave privilexiado para a mercadoría colonial que os portugueses abriron en Oriente. Naquela minúscula colonia concentrouse un enorme volume do comercio. Foi punta de lanza dos misioneiros que abriron varias frontes co proselitismo católico en Asia e, tamén, centro de cultura dos nativos que os primeiros colonizadores portugueses percibiron de inmediato, como Afonso de Albuquerque: “São muito agudos e tomam bem quanto se lhes ensina”. Mais concreto e rotundo foi José Bossa: “A inteligência teve sempre, con efeito, na Índia Portuguesa cultores apaixonados, fulgurando alguns nomes de naturais deste Estado entre os mais brilhantes homens de letras da língua de Camões”.
Estas citas sitúannos no punto álxido da cultura e das artes que viviu Goa, na súa remitencia á cultura india mais que á de filiación portuguesa. Nese mosaico híbrido xurdiron grandes cultores circunscritos á India. A música foi un deses portentos que asistiu na Goa colonizada. Os orixinarios de Goa e os seus contornos cultivaron a música popular e tradicional mentres que os portugueses a eclipsaron por medio da música relixiosa e daqueles enormes órganos barrocos que tiña cada unha das igrexas de Goa. Foron famosos os seus organistas, como João Aristides da Silveira, falecido en 1926 con mais de 80 anos de idade. Fíxose famoso como compositor e organista da Sé Patriarcal de Goa, gozando de privilexios e dunha enorme estima no contorno relixioso e aristocrático da colonia.
Mais os temperos musicais da Goa portuguesa non foron exclusivos da Igrexa colonizadora que non puido impor a súa obsesiva castración. Mostra diso é a presenza de Basílio Reginaldo Francisco Fernandes, coñecido como Reginaldo Fernandes, natural da poboación goesa de Siolim, onde naceu en 1914. Era fillo do famoso músico popular António Caridade Fernandes, compoñente da notábel Orquestra G:I:P. Rly. Fernandes viviu nun ambiente musical moi ben connotado na música orientalista e tivo, a mais de seu pai, a un enorme mestre da musica de Goa como foi Zeferino Caetano da Cruz, da Orquestra Gaekwar da poboación de Borodá. En 1932 conseguiu veciñanza na India co fin de introducirse na música orixinaria indúe. Foi un dos notábeis músicos da banda de música de Maharaja, no Estado indiano de Palitana. Admirado como un dos grandes concertistas de violín que tivo Goa no século XX. Reginaldo Fernandes practicou a música tradicional en orquestras famosas baixo a batuta de directores famosos e ao lado do pianista Willie Day. O talento creativo e musical de Fernandes foi presentado en dous filmes indios sobre a música goesa anterior a 1961, ano en que a India integrou pola forza este territorio colonial.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Ugio Novoneyra

Este ano dedica-se a Ugio Novoneyra o Dia das Letras Galegas. Exemplo de poeta comprometido e internacionalista traimos aqui o seu poema "Vietnam canto" sonorizado, umha pequena joia lírica que desejamos partilhar com todos vós:




Completamos este post com a extrodinária música que o Luís Cília incluiu no seu álbum La poesie Portugaise de nos jours et de toujours (vol 2 de 1969). O belíssimo poema original é de Miguel Torga.



Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.

Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.

Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.

Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas,
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!

Para saber mais sobre Luís Cília, e sua obra consultar http://www.luiscilia.com

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A terceira etapa da Grande Crise: Grécia está em todas partes

À sombra da crise financieira, floresce sobretodo na Europa o negócio com a dívida pública. Pois os Estados som os melhores dividores que podem desejar ose acreedores.

À crise bancária e financiera nom tardou em seguir, como era previsível, a crise económica mundial. E a ambas vem a sumar-se agora a crise das finanças públicas, terceira etapa da Grande Crise. Dívida, culpa e expiaçom, umha luita pugnaz: os ciudadaos de a pé devem subverter o generoso resgate dos bancos. As dívidas públicas aceleradamente acrescentadas usam-se a modo de varada para inculcar esta lógica. Alguns pequenos povos –os islandeses no Norte, os gregos no Sul— estám prontos para resistir o absurdo dominante e negam-se a pagar pola crise. Da noite para a manhá, as dívidas de terceiros convertérom-se em problema de todos.

De acordo com as últimas cifras do FMI, cinco dos Estados do G-8 tenhem um déficit público superior a 100% do PIB, com o Japom (200%) à cabeça. Alemanha e o Canadá acham-se até o de agora por baixo da soleira da porta de 100%; os membros da EU Espanha, Portugal, Itália e Grécia, raiam-nos em, ou todavia por cima de, esse límite. Nunca antes em tempos de paz inçara de maneira tam extrema o déficit público nos países capitalistas desenvolvidos como tem ocorrido desde o começo da crise financieira mundial afinal de 2007.

Só em 2009, os títulos de obrigaçons emitidos pola República Federal Alemá crescérom até atingir a cifra de 1 bilhom 692 mil milhons de euros. Apenas em 1995 –quando de verdade se figérom sentir por vez primeira os custes da reunificaçom— tinha sido maior o salto da dívida pública alemá. Nos países da OCDE, o nível promédio dos déficits públicos chegou a alcançar por enquanto 80% do PIB, e em poucos anos poderia chegar a ultrapassar de maneira geralizada a marca de 100%. Grécia está em todas partes.

O artigo segue aqui.


quarta-feira, 24 de março de 2010

COMENTÁRIO DUM TEXTO CRÍTICO



0.- ADRO: COORDENADAS DO PROCESSO DE DESCOLONIZAÇOM NA ÁFRICA

Temos que começar advertindo que nom som poucas as reflexons que as literaturas que
emergírom parelhas aos processos de descolonizaçom que seguírom a II Grande Guerra,
denominada por alguns historiadores como II Guerra Mundial, se tenhem vertido durante o último quartel do século XX e nos alvores do presente século. Contodo, as diversas ópticas respondem tamém, por vezes, a focages ideológicas e métodos aproximativos para a construçom deste aparato crítico fundamente afastadas. O texto que nos ocupa, neste sentido, está redigido desde as coordenadas da Teoria dos polissistemas, enunciada por Itamar Even-Zohar a começos da década de sessenta na Universidade de Tel-Aviv. Aginha se lhe unirá um grupo de investigadores como Gideon Toury, Zohar Shavit, Shelly e Rakefet Sheffy até dar forma ao Culture Research Group.
Os processos de descolonizaçom na África dam-se como resultado das promessas dos países
europeus as colónias durante a II Grande Guerra e em virtude, dumha banda, do direito de
autodeterminaçom enunciado por Wilson após a Grande Guerra – nada inocente e sumamente
arbitrário por certo –, e doutro das realidades antagónicas presentes nas sociedades coloniais que
dérom pé a conformaçom das condiçons objectivas e subjectivas para a luita armada que tivo
quiçais o seu máximo exponente no Vietname, primeiro com a batalha de Ðiện Biên Phủ (1954) e
logo na guerra de libertaçom do Norte. E muito interessante a óptica com a que o filósofo esloveno Slavoj Žižek [2007: 63-63] analisa estes processos, fundamento da reordenaçom actual do apartheid global:

¿Cuál es, entonces, la relación entre el universo del capital y la forma Estado-nación? Quizás “autocolonización” sea la mejor manera de calificarla: con la prapagación directamente multinacional del capital, ha quedado superada la tradicional oposición entre metrópoli y países colonizados; la empresa global, por así decir, cortó el cordón umbilical con su madre patria y trata ahora a su país de origen igual que cualquier otro territorio por colonizar. (...) En un principio (un principio ideal, claro está), el capitalismo se quedaba en los confines del Estado-nación, con algo de comercio internacional (intercambio entre Estados-nación soberanos); vino después la fase de la colonización, en la que el país colonizador sometía y expolotaba (económica, política y culturalmente) al país colonizado; la culminación de este proceso es la paradoja de la colonización: sólo quedan colonias y desaparecieron los países colonizadores; el Estado-nación ya no encarna el poder colonial, lo hace la empresa global. Con el tiempo, acabaremos todos no ya sólo vistiendo
camisetas de marca Banana Republic, sino viviendo en repúblicas bananeras.
La forma ideológica ideal de este capitalismo global es, lo sabemos, el multiculturalismo: esa actitud que, desde una hueca posición global, trata todas y cada una de las culturas locales de la manera en que el colonizador suele tratar a sus colonizados: “autóctonos” cuyas costumbres hay que conocer y “respectar”. La relación entre el viejo colonialismo imperialista y la actual autocolonización del capitalismo global es exactamente la misma que existe entre el imperialismo cultural occidental y el multiculturalismo.


Por outras palavras, os países colonizados toda vez que alcançárom a sua independência fôrom aginha esmagados, sobretodo na África, polas forças globais do mercado e a dívida externa, como o que se convertêrom em reféns dos centros de poder e como periferia longínqua, toda vez que a dívida externa se tornou em “dívida eterna” e a sua capacidade decissória e nula afora das suas fronteiras e muito limitada no interior das mesmas1. Aliás, este vector Norte-Sul insire-se numha “doutrina do shok” muito mais ampla, em terminologia de Naomi Klein, e converte as classes dominantes dos estados fracassados em agentes que garantem a perpetuidade do apartheid global, tal e como o tenhem denominado Richard Falk ou Sapir Amin. Do outro vector de que fala Žižek nom imos penetrar agora por tratar-se da queda do welfare state e a instituiçom do quarto mundo como norma algo que, evidentemente, é um fenómeno que afecta só a aqueles estados do Norte que contárom algumha vez com soberania em virtude do “pacto social” cuja pirámide era um estado-providência assentado sobre a nom-classe, quer dizer, a classe média e que se passa a estadopenitência.
Precisamente, a teoria dos polissistemas que se segue no trecho proposto emprega as etiquetas próprias desta teorizaçom: sistemas literários, centro-periferia e centro-periferia entre diversos sistemas literários no contexto da globalizaçom ultraliberal descendente. Vai por diante que nom devemos evitar quando menos advertir que o estudo das literaturas africanas em línguas europeias, e aí radica o fundo da proposta do artigo, acocha amiúdo a realidade plurilingüe da
África e a emergência dalgumhas destas línguas após o processo de descolonizaçom. Um exemplo
disto poderia ser a língua caboverdiana(2).
Aí tamém se exprime para umha análise ainda muito pouco desenvolvida a teoria dos polissistemas, já que o convívio de sistemas lingüísticos e literários distintos é onde melhor se pode aproveitar, ou quando menos de maneira mais imediata, a sua capacidade para descrever as interferências entre línguas, literaturas e culturas.
Eis a importáncia e a pertinência, portanto, da distinçom que se fai no artigo já desde o começo: «literaturas africanas em/de língua portuguesa e não de expressão protuguesa ou literaturas lusófonas de África». Tentaremos explicar por quê é que o autor do texto crítico fai esta afirmaçom no tocante às literaturas africanas, mas que poderia por igual ser aplicável ao resto das literaturas exprimidas em qualquer outra língua.

1.- ENTRE PRÓSPERO E CALIBÁM. A EMERGÊNCIA, A CONFIGURAÇOM E A MATURIDADE DOS SISTEMAS LITERÁRIOS DE LÍNGUA PORTUGUESA

As literaturas africanas em português tenhem sido denominadas como literatura calibanesca,
ou antropomórfica, como tem assinalado Manuel Ferreira na sua obra O reino de Calibám (1997).
Calibanesca por tomarem a língua do colonizador apenas para a forma, para a criaçom literária, ou seja, a expressom, nem o fundo nem os elementos repertoriais. Portanto, nom pode haver literaturas africanas de expressom portuguesa apenas literatura africana de língua portuguesa.
De facto, a existência dumha realidade bem dada polo nome que se lhe dá ao objecto e em funçom da etiqueta escolhida para nomeá-lo poderemos olhar diferenças. Pode que as palavras
sejam na forma portuguesas, mas os conteúdos nem sempre se correspondem, para além de que
cumpre assinalar que hai um acervo amplo de formas de línguas nativas que se incorporam a linguage literária em todos os PALOP'S. Neste caminho é onde se constrói um sistema literário,
autocentrado e autogerido e nom dependente ou em dinámicas de dualismo como em contextos
regionalistas.
Após um tempo de prostraçom da literatura a respeito dos processos de independência a consolidaçom destes sistemas literários chegou através de atirar os lentes europeus da África, ou
seja, reinventar desde umha visom endógena a África. De aí a necessidade de «discutir a (ilegitimidade) de uma designação, ontem e hoje, abrangendo literaturas dos cinco países africanos de língua oficial portuguesa». Porém é igualmente errado fazer umha análise de conjunto que deixe de parte cada umha das realidades nacionalitárias nascidas após o processo de emancipaçom nacional, ainda nom social algo que se reflexa numha literatura com fundas preocupaçons políticas (o social é político) em muitos autores. Daquela, podemos acrescentar como o autor que «duas décadas depois das independências políticas, é já indiscutível a afirmação cada uma das literaturas no universo da língua portuguesa, em termos estéticos (técnico-compositivos, temáticos e estilísticos) e sociológicos».
Esta afirmaçom comum, mais nom uniforme quanto a identidades, trouxo consigo que todo trabalho de produçom literária «com topoi e ideoligemas, signos e símbolos, de uma certa retórica que configurou a estética literária desses “tempos difíceis”, conugava-se num frente de exortação à resistência, de reivindicação da pátria e de afirmação cultural. Esse discurso de combate resultou em reconhecimento das individualidades nacionais – mais em termos de utopia (entendida aqui como possibilidade de realização) do que de realidade- formuladas, literariamente, em angolanidade, caboverdianidade, moçambicanidade e são-tomensidade». Isso si, as cronologias som dispares e a irrupçom serôdia da literatura na Guiné-Bissau merece ser focada afora destas outras já que Mantenhas para quem luta (1977) é muito tardia e a literatura cívico-combativa ligada a descolonizaçom nom é nem de longe equiparável a dos outros PALOP'S abrindo-se logo passo novas formas. Os fitos literários nos outros espaços som muito anteriores: Mensagem (1951-2) na Angola, Claridade (1936-1960) em Cabo Verde, Msaho (1952) para Moçambique e, por último, Ilha de Santo Nome (1942). Isto sem perder de vista outros territórios que num futuro puderam analisar-se desde umha óptica de seu como a Cabinda ou Casamança.
Nesse universalismo diverso vemos nós umha interpretaçom do carácter revolucionário e de esquerdas destes processos emancipador, que tentárom por vezes sê-lo socialmente tamém, assi
como a sua incidência na transformaçom no horizonte de expectativas social para permitirem a irrupçom dum sistema literário, que por sua vez, reforçou o processo emancipador. O universalismo de esquerdas nom necessita reconstruir conteúdos neutros, porque aceita o carácter antagónico da sociedade e da orde global e por isso desde o particular tem capacidade para dar umha ideia de africanidade e de humanidade comum, remetendo para um universal concreto, quer dizer, a um elemento próprio que representa, quanto elemento repertorial de seu, o universal toda vez que é um elemento particular estruturalmente desprazado; por exemplo os contratados, os serviçais (trabalhadores nos latifúndios de Angola e Moçambique) ou os magaíças (trabalhadores nas minas).
Destarte, existem elementos repertoriais comuns as cinco literaturas de língua portuguesa, mas tamém hai notáveis diferenças que respondem a realidades sociais, económicas, de oratura (autêntico estrato da expressom de africanidade e da originalidade em cada sistema) e, sobretodo, de horizontes de expectativas distintos. No artigo comenta-se atinadamente como a partir da década de oitenta do passado século estas diferenças seguem percursos totalmente dispares, tal e como a Galiza e Portugal seguem tamém diferentes caminhos literários (ou o Brasil com respeito de Portugal e a Galiza). Com anterioridade a esta data essas literaturas seguiram um mesmo rumo alicerçadas num projecto comum nacionalista emancipador, um projecto «de afirmação de uma identidade cultural funcionando contrução intelectual e discursiva».
De facto, ainda hoje as etiquetas mais ou menos acertadas convivem sincronicamente nos estudos literários revelando vários estádios na valoraçom e análise das literaturas africanas. Assi,
segue-se apresentando de modo panorámico as literaturas africanas a pesar do tempo transcorrido desde o início do estudo desta e contra isto é contra o que, atinadamente em minha opiniom, reage o autor. Tanella Boni, escritora em francês da Costa do Marfim lembrava nom hai muito que é imprescindível dar visibilidade às culturas africanas, a sua diversidade, abandonando essa visom eurocéntrica do multiculturalismo que apenas serve para olhar com os óculos europeus a África como um todo e isso sempre e quando a diferença nom atente contra os nossos “valores”eurocéntricos.
Como se tem aduzido acima em cada espaço das literaturas africanas interactuam questons nacionais que fam aliás variar os elementos repertoriais de cada umha delas outorgando-lhe umha fisionomia per se, e ao igual que identificamos dentro dum mesmo sistema as diferenças entre correntes e autores é necessário fazer este mesmo esforço num nível superior, mas nom por isso mais abstracto quanto elementos tangíveis para analisar. Nom existe, portanto, nem na Europa nem em qualquer outra parte, um intersistema de língua nengumha. Como luzidamente salientou Inocência Mata no seu artigo “A periferia da periferia” o plural marca a diferença ao tratar-se de literaturas.
Na conformaçom destes sistemas Laranjeira identifica três grandes blocos temporais: o tempo colonial (do achamento até 1880-1890), o tempo colonialista (do pós-conferência de Berlim até 1974) e o tempo soberano (a partir de 1975). Concedendo-lhe a estes limites umha necessária convencionadidade vemos que como protossistemas vam eclosionado na segunda etapa para converterem-se em sistemas emergente durante a segunda metade do século XX, especialmente após a independência. Estes sistemas emergentes tenhem por senha principal umha natureza dual, tal e como Louis-Jean Calvet tem assinalado, e caracterizam-se por instaurar um discurso do negro no interior da escrita branca, sendo que a escrita é de pretos e vai ser feita a partir de língua de brancos, mas nom em língua de brancos. Eis a fundamental chave para entender este antagonismo endógeno as culturas destes estados.
Dumha parte, as línguas africanas som o lugar de autenticidade é preservaçom das essências
perante a alienaçom uniformizadora a globalizaçom ultraliberal descendente, doutra parte a língua do colono é empregue como reporte coesivo no cultural-nacionalitário e de aí que se erga como “maquis” lingüístico e estético.
No entanto, a maturidade destes sistema deu-se, com a excepçom da Guiné, em pósindependência por produzir-se umha natural mudança nas temáticas nom condicionada por umha luita nacional e com a manifestaçom das eternas tensons entre literatura social e arte pola arte, ou a mais escapista por assi dizê-lo. Por exemplo, em Moçambique Rui Knopfli tardou em ser reconhecido como um escritor moçambicano pois nem se comprometera durante a independência nem logo no contexto da longuíssima guerra civil. Quiçais esta evoluçom seja natural para nós integrantes dumha «ilha sem mar ao leste», moradores da periferia próxima, que sem ser periferia nem muito menos, já que formamos parte do centro do sistema (ainda que seja perifericamente), mantemos traços comuns aginha visíveis com as literaturas emergentes da África e a evoluçom após a década de oitenta na literatura galega foi por este mesmo caminho de explorar novos elementos e fórmulas afastadas da literatura sócio-combativa (se bem aqui entra tamém a ideologia do pósmodernismo ainda sem questionar desde os estudos literários dum modo geral).
Neste caminho deixou-se de fazer da palavra poética veículo de contestaçom para fazer do
romance veículo de criaçom e reartelhamento das novas identidades nacionalitárias, mas nom desde umha óptica necessariamente política – no sentido político da sociedade civil-, mas desde umha óptica de introspecçom cultural, do calibanesco, das pulsons entre a velha cultura africana e os influxos e evoluçons da África durante todo o século XX por mor da ingerência europeia.

3.- CODA

Fica para melhor ocasiom a elaboraçom duns apontamentos para estabelecer um esforço comparativo entre as literaturas africanas e asiáticas de língua portuguesa e o caso da Galiza, quê
paralelismos – e que diferenças- é que se podem marcar quanto à emergência, à afirmaçom e ao
funcionamento sociológico destas literaturas.
Contodo, umha primeira pode aventurar-se facilmente. A dependência da Galiza é visível nos elementos repertoriais comuns com a literatura-teito e contra isso reage-se, ou tenta-se, como
nos casos africanos, se bem com a reafirmaçom da língua própria - bem explicável por sermos um povo com consciência histórica - e nom um conglomerado de identidades tribais que calhárom em estados por reacçom perante um invasor comum e que partiam de identidades distintas e ainda por vezes antagónicas despois de atingida a independência nos estados continentais. Nom deixa de ser paradoxal umha mesma cousa em ambos casos. Enquanto a Galiza segue sem perceber que a lusofonia é a válvula para essa via própria definitiva sem renunciar a sua persolidade, as literaturas nas línguas nacionais africanas segue ainda latente, com excepçom do Timor onde a língua é afirmaçom nacional como o é o galego-português na Galiza por reacçom à Indonésia.
Um segundo repto impressionante, polo espantoso que resulta e tamém pola sua enormidade, seria estabelecer o funcionamento sociológico de cada sistema. As semelhanças e diferenças entre o mestiço Brasil, a antiga metrópole Portugal, a Ásia de Macau e Timor Leste, a África e a filha pródiga que poderia chegar a ser umha Irlanda que exprimira a sua genuidade cultural na língua colonizadora, como nos PALOP's, ou o que é pior, ficar esgaçada, morta e absorvida. Porque a cultura pode sobreviver a língua como se tem demonstrado na história... mas nom sempre infelizmente.

1 Um bom exemplo e o desmantelamento total das universidades africanas a partir dos oitenta com o ascenso das receitas dos Chicago boys.

2 Coincidimos plenamente com Moreno Cabrera quando afirma no capítulo 1 do seu livro El nacionalismo lingüístico: una ideología perversa que se deve falar de fenómenos de interferência e nom de pidgin e que isto trai consigo por vezes a conformaçom de koinés e nom de línguas crioulas, ou seja, que um “crioulo” é umha língua como qualquer outra polo que a denominaçom é, do ponto de vista lingüístico, superflua.

Bibliografia

VILLANUEVA, Darío, coord. (1994), Avances en... Teoría de la Literatura, Serviço de
Publicaçons e intercámbio científico, Compostela.
ŽIŽEK, Slavoj (2007), En defensa de la intolerancia, Biblioteca Pensamiento Crítico –
Público, Madrid, 2010.

Nota: Falta a referência do texto crítico original porque nom nos foi dada, mas é a introduçom dum artigo sobre a natureza das cinco literaturas de língua portuguesa na África.

terça-feira, 23 de março de 2010

Medra eleitoralmente o nacionalismo emancipador no Estado francês

Corsos, bretons e ocitanos apostam cada vez mais polo autogoverno e os seus direitos nacionais como povos. A sociedade civil mais consciente demanda com maior força de cada vez a instituiçom dumha Europa dos povos.

Fóra de Elsàss -onde os nacionalistas nom passárom a primeira quenda, e onde seguirá a gobernar a direita- e na Lengadòc e Catalunya Norte (Languedoc-Roussillon, em francês) -com a maioria absoluta conseguida pola formaçom do xenófobo George Frêche- os resultados en Breizh, Ocitánia e Córsega fôron muito possitivos como assinala o jornal galego Vieiros.

Córsega
A medra do nacionalismo emancipador em Córsega serviu para que na Assembleia nom se estabeleça nengumha maioria absoluta e, por cima, provoca a caída da direita, ao tempo que será decisivo para aprovar normas, com o que isso pode supor para o autogoverno da ilha.

Femu a Corsica, a lista autonomista liderada por Gilles Siméoni, obtivo um histórico 28,59% dos votos, mentres que os independentistas de Corsica Libera, encabezados por Jean-Guy Talamoni, apanhárom a nada desdenhável cifra do 11,21%. As candidaturas francesistas obtivérom 29'48% no caso da conservadora de Camille de Rocca Serra, e a progressista de Paul Giaccobi leva o triunfo com 30,72%.

A importáncia do resultado de Femu a Corsica mostra-se com maior evidência nas duas principais cidades da ilha, Aiacciu e Bastia, onde se situou como segunda força política, e em Portivechju, outra importante localidade, onde foi a ganhadora das eleiçons. Algo se move na direcçom certa na ilha, tamém para o arredismo libertário.

Ocitánia

Na Ocitánia, a naçom onde nasceu a moderna poesia Ocidental, dividida por París em vários departamentos logo agrupados em regions, por vez primeira haverá cinco representantes do Partido Ocitano (PÒC), formando parte das listas conjuntas com Europe Écologie.

Os conselhos regionais de Auvèrnhe, Aquitània e Miègjorn-Pirenèus, com cadanseu, e Provença-Aups-Còsta d'Azur, com dous, terám deputados ocitanistas. Regions todas, ademais, que serám governadas polos socialistas com apoios o que pode reforçar o seu papel nos próximos anos.

Breizh

Ainda que os nacionalistas bretons melhorárom a sua representaçom, os socialistas de Jean-Yves Le Drian (50,92%) governarám em solitário outros seis anos mais em Breizh.

Europe Écologie, lista onde se integrou a Unión Democrática Bretoa (UDB) logrou 17,21% dos sufrágios, que em teoria outorgarám aos nacionalistas quatro deputados, un mais ca em 2004.


Som boas novas para a construçom dumha Europa dos povos, alicerce fundamental para umha outra globalizaçom ascendente que se oponha a globalizaçom ultraliberal descendente.

segunda-feira, 22 de março de 2010

"Como podem per sas culpas os omos"




Cantiga pertencente às Cantigas de Santa Maria, texto medieval em galego-portugês redactado na Corte do rei Afonso IX, o sábio (X na historiografia espanhola). Aqui temos umha "actualizaçom" moderna do som a cargo da banda de metal germana In Extremo, que versiona temas medievais em latim, gaélico, alto-alemám, etc.





Letra de "Como podem per sas culpas os omos"

"Esta [é] como Santa Maria guareceu un ome que era tolleito do corpo e dos nenbros, na sa eigreja en Salas.

Esta é de como Santa María guareceu a um home que era tolheiro de corpo e dos membros na sua igreja em Salas.

Como poden per sas culpas os omes seer contreitos,
assi poden pela Virgen depois seer sãos feitos.

Refrám: Como poden polas suas culpas os homes cair doentes, assi podem logo ser sandados pola Virge.

Ond' avo a un ome, por pecados que fezera, que foi tolleito dos nenbros da door que ouvera, e durou assi cinc' anos que mover-se non podera, assi avia os nenbros todos do corpo maltreitos. Como poden per sas culpas os omes seer contreitos.. Con esta enfermidade atan grande que avia prometeu que, se guarisse, a Salas logo irya e ha livra de cera cad' ano ll' ofereria; e atan toste foi são, que non ouv' y outros preitos. Como poden per sas culpas os omes seer contreitos... E foi-sse logo a Salas, que sol non tardou niente, e levou sigo a livra da cera de bõa mente; e ya muy ledo, como quen sse sen niun mal sente, pero tan gran tenp' ouvera os pes d' andar desafeitos. Como poden per sas culpas os omes seer contreitos... Daquest' a Santa Maria deron graças e loores, porque livra os doentes de maes e de doores e demais está rogando senpre por nos pecadores; e poren devemos todos sempre seer seus sogeitos. Como poden per sas culpas os omes seer contreitos..."